CIRCULAR Nº 08 / 2024
O Ministério da Palavra
Caros irmãos, A paz de Deus.
A palavra de Deus nos ensina que os presbíteros que governam bem devem ser estimados por dignos de duplicada honra, principalmente, os que trabalham na Palavra e a ministram, pois são responsáveis por ensinar e aconselhar a irmandade. Estes têm o dever de apascentar o rebanho com paciência e amor, tendo cuidado para que ninguém se enfraqueça, ou venha a se perder.
O profeta Ezequiel, movido pelo Espírito de Deus, protestava contra os pastores infiéis de Israel, dizendo:
“Comeis a gordura, e vos vestis da lã; degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes, e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque.” (Ez 34:3 a 6).
Tanto no Antigo Testamento (AT) quanto no Novo (NT), o pastor tinha o objetivo de cuidar, apascentar e sempre vigiar sobre o rebanho. Já o mercenário cuidava das ovelhas, porém, interessado em sua própria vantagem financeira. Jesus deu exemplo do amor e cuidado que tinha com as suas ovelhas, que eram seus discípulos. Ele mesmo disse:
“Eu sou o bom Pastor: o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa. Ora o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas.” (João 10:11 a 13)
O Senhor Jesus, ao falar com seus discípulos, junto ao mar de Tiberíades, disse três vezes a Pedro:
“…Simão, filho de Jonas, amas-me?” (João 21:16) Após a sua resposta, disse-lhe o Senhor:
“Apascenta as minhas ovelhas.” (João 21:16)
Apascentar é dar pasto, alimentar e cuidar, que era o dever do pastor. No Novo Testamento, a palavra pastor se refere ao provedor, protetor e guia do povo de Deus. O Apóstolo Paulo escreveu sobre as escolhas de Cristo:
“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.” (Ef. 4:11)
Quando o Apóstolo Paulo, em Mileto, se despede dos Anciães que vieram de Éfeso, recomendou-os dizendo:
“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho; e que dentre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós.” (At 20:28 a 31)
Isto ocorre quando o pregador atrai o povo a si, por meio de palavras agradáveis, tornando-os seus discípulos, e não de Cristo.
É necessário olhar e vigiar sobre o rebanho, lembrando também dos que estão se distanciando da casa de Deus, tratando-os com amor e piedade. O Apóstolo Judas em sua carta recomendava:
“E apiedai-vos de alguns, que estão duvidosos; E salvai alguns arrebatando-os do fogo; tende deles misericórdia com temor, aborrecendo até a roupa manchada da carne.” (Jd 1: 22 e 23)
Não podemos negar que temos inúmeras ovelhas que se acham desgarradas por falta de tratamento com paciência e amor, além de algumas que foram excluídas do rebanho.
Quantos irmãos que se escandalizaram por atitudes de ministros da Palavra ou da Piedade que não vigiaram e deram motivos para que alguns se desviassem, movidos pelo desgosto, devido a pregações desvirtuadas da comunhão com Deus ou falas rudes.
Alguns fazem uso do púlpito para atacar de forma direta e com dureza os irmãos que vêm ao santo culto para ouvir a Palavra de Deus. Outros, no interesse de agradar ao povo, apresentam pregações com promessas de bênçãos de forma geral e irrestrita, prometendo libertações e prosperidades materiais, e o povo ouvindo, crendo e não recebendo, caem em descrença da Palavra de Deus, achando que Deus não cumpriu o que disse, escandalizando-se.
Alguns reclamam que não encontraram mais o alimento espiritual, somente promessas de sucesso, sem mostrar o caminho da santificação necessária para a salvação. Muitas pregações são eloquentes, porém, sem conteúdo, sem o objetivo único que é levar o povo ao conhecimento da verdade e à santificação, e fazem o povo delirar sem, contudo, ter o pleno conhecimento da verdade do Evangelho para salvação.
Sabemos que para o povo escapar da corrupção, devido à concupiscência que há no mundo, é preciso que, com diligência, lhe seja acrescentada a fé, a paz, o amor, a santidade e as demais virtudes de Deus, porque, em quem não houver e abundar estas coisas, será ocioso e estéril no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, cego, nada vendo ao longe, visto que se esqueceu da purificação de seus antigos pecados.
Essa cegueira espiritual impede que o ministro da Palavra tenha conhecimento de todas as ovelhas desgarradas, pois não sente falta delas, razão pela qual alguns servos são murmuradores, rejeitando aqueles que se arrependeram de seus pecados e voltaram para o convívio cristão em busca do perdão de Deus. Muitas vezes, tais ministros maldizem e, até mesmo, negam uma saudação cristã pelo próprio juízo temerário que fazem de tais pessoas. Esquecem-se que o lugar do pecador arrependido é na casa do Senhor. É necessário considerar que tais juízes não conhecem o que significa:
“Porque eu quero misericórdia, e não o sacrifício; …” (Os 6:6)
Para o exercício do ministério da Palavra ou da Piedade é necessária a vigilância constante em todo o viver. Devendo estar sempre em comunhão com Deus, não só por meio da oração, como também pela meditação na Santa Escritura. Paulo recomendava Timóteo, dizendo:
“Medita estas coisas; ocupa-te nelas para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina: persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem,” (1Tm. 4:15 e 16).
Ter cuidado de si mesmo e dos mandamentos divinos é vigiar sempre para manter um bom testemunho em todo o viver — quer na vida familiar, nos negócios, no tratamento, independentemente de onde, ou com quem, estiver lidando, para que o seu ministério não seja censurado. Lembremos que é bíblico que a vida do obreiro manifeste a sua fidelidade a Cristo de tal maneira que possa ser tomada como exemplo de conduta perante a Congregação (1Pe 5:3, Tt 1:6-9).
O verdadeiro ministro da Palavra de Deus em tudo honra a Cristo, persevera em oração, manifesta o fruto do Espírito (Gal 5:22-23), se empenha em salvar o perdido (1Cor 9:19-22), amando e recebendo a todos sem distinção (Luc 15), porém, abominando o mal e exortando contra o pecado (Mat 23, Luc 3:18 a 20), sempre conduzindo o povo à santificação (At 26:18, 1Cor 6:18) e anunciando integralmente o Evangelho sem transigência, nem corrupção (Mat 28:18 a 20).
O atendimento dos santos cultos e demais serviços divinos devem ser feitos com todo o cuidado, observando-se as recomendações quanto a expressões inadequadas ou afirmações que estejam em desacordo com as Escrituras, sabendo que, quem assim proceder, responderá por seus próprios atos, determinação esta constante no Estatuto padrão da Congregação Cristã. No Brasil consta assim:
“A Congregação Cristã no Brasil não se responsabiliza pelos atos pessoais praticados por qualquer dos seus membros.” (Estatuto, Artigo 12)
Portanto, é nosso dever a vigilância e a prudência em todo o nosso viver e exercício do ministério para sermos agradáveis a Deus.
Vossos irmãos em Cristo,
O Conselho de Anciães